segunda-feira, abril 23, 2007

Salve Jorge

Dia de São Jorge ou Sant Jordi, na Cataluña. Aqui o pessoal faz uma grande festa em comemoração ao santo, que é o padroeiro da Comunidade Autônoma (ou Estado). Segundo a tradição, os homens têm que dar uma rosa para as mulheres e elas devem presenteá-los com um livro. Não parece muito justo, mas é o que diz a tradição. E por conta dessa história, hoje a cidade estava repleta de barracas de flores e livros, uma em cada esquina. Além disso, vários eventos espalhados por Barcelona para comemorar o dia do santo. Diz-se também que o dia serve para reivindicar a cultura catalã, o que explica as bandeiras da Cataluña em todos os ônibus, nas barracas e em algumas janelas.

domingo, abril 22, 2007

Comerciais

Já faz algum tempo que eu procurava esta propaganda da Coca-Cola para colocar aqui. Acho o comercial muito legal. Não só eu, porque parece que ele ganhou um festival publicitário em Cannes em 2005. O encontrei no You Tube e ponho aqui.


Outro que acho que vale a pena compartilhar é este da Sanitas, um seguro médico que tem aqui na Espanha. Vi essa propaganda na TV aqui e achei muito bacana. A música ajuda muito e o publicitário teve a idéia de colocar imagens contrárias ao que diz a letra da canção. Aqui está.

terça-feira, abril 17, 2007

É primavera...

Parece que a primavera realmente chegou em Barcelona. 27 graus ontem!! Muito sol!!! Já que não tenho trabalho, me resta passear na praia.

quinta-feira, abril 12, 2007

Profissão: jornalista

Sempre que vou a um consultório médico ou fazer um cartão em uma loja de roupa (sim, eu tenho um cartão da Renner e outro da C&A) e perguntam a minha profissão, respondo jornalista. É incrível como as pessoas arregalam os olhos.

- Nossa, jornalista. Que profissão interessante. E onde você trabalha?
- Na Editora Globo.
- Na Globo? Ai, que máximo. Eu adoro a Globo.
- Não, você não entendeu. Eu não trabalho na TV Globo, é na Editora, sabe, aquela que faz revistas.

Não adianta tentar explicar nada, dá na mesma. É incrível como as pessoas vêem glamour no trabalho do jornalista. Eu não vejo a profissão com glamour (e acho que a maioria que trabalha na área concorda comigo), mas a verdade é que, apesar das longas jornadas e dos implacáveis fechamentos, eu gosto de ser jornalista. Já achava isso antes de pedir a licença de um ano para vir estudar na Europa, mas agora que já estou há sete meses longe da redação tenho certeza que escolhi a profissão certa. Alguns vão rir, outros podem pensar que sou louca, mas acreditem, tenho saudade de pensar em pautas, fazer entrevistas, apurar informação e escrever textos. A verdade é que não vejo a hora de retomar meu trabalho. Não imaginava que sentiria tanta falta dele.

Só voltando ao tema do glamour, aqui na Espanha parece que os jornalistas não são vistos com tanta admiração pelas pessoas como no Brasil. Sempre que me perguntam a minha profissão, respondo jornalista e todos dizem: ah. Já o Marcio, quando fala que é designer e que está fazendo um master em animação todos se interessam e começam a fazer perguntas. Aqui, parece que a admiração maior é pela área dele e não pela minha.

Só uma coisa a dizer

Tempo nublado e com chuva em Barcelona.

sábado, abril 07, 2007

Viagem da Semana Santa

Alguns já sabem, outros não, mas o Marcio tem família em Ourense, uma cidade perto de Santiago de Compostela, na Galícia, norte da Espanha, bem em cima de Portugal. Nesse feriado da Semana Santa (aqui é feriado praticamente a semana toda, tanto que o Marcio nem teve aula) decidimos visitar os tios e primos que ele ainda não conhecia. Na segunda-feira, dia 2, pegamos um avião em Barcelona com destino a Santiago. Pensamos em ir de trem, mas o preço da passagem era o mesmo e enquanto o avião demorava quase duas horas o trem demoraria 12 horas! O vôo saía às 14h05. Saímos de casa às 12h, com tempo de sobra para chegar às 13h no aeroporto, porque agora estamos morando a uma estação da Estação de Sants do metrô, de onde sai o trem para o aeroporto. Só esquecemos um detalhe: os transbordos gigantescos que interligam as linhas subterrâneas entre elas e com os trens. Para resumir, demoramos meia hora só para andar uma estação de metrô e fazer o tal transbordo. Seria mais fácil, sem dúvida, ir a pé de casa até a Estação de Sants - demoraríamos uns 15 minutos no máximo. Com a demora, chegamos para pegar o trem que vai ao aeroporto às 12h35 e havia passado um às 12h25, assim que o próximo só passaria às 12h55. Ok, ok. Pensamento positivo. Chegaremos em tempo. Veio o trem e entramos. Chegamos no aeroporto às 13h20 e fomos correndo, literalmente, fazer o check-in - último minuto, estava escrito no letreiro do nosso embarque. Despachamos a mala e a moça nos disse: corram porque o embarque já começou. Lá fomos nós, correndo de novo. Ufa! Deu tempo. Entramos no avião suados e com sede e tivemos que pagar dois euros por uma Coca-Cola, porque a Vueling (companhia low cost que viajamos) não serve nada de graça.

O vôo foi tranqüilo e quando estávamos chegando em Santiago tive que me obrigar a olhar pela janelinha, coisa que não gosto de fazer, porque não sou nada fã de andar de avião. Mas não tinha jeito, a situação era ridícula. Tinha uma menina atrás da gente de uns cinco anos que ficava olhando o tempo todo na janela procurando vaquinhas lá embaixo.

- Mãe, estamos descendo, mas ainda não estou vendo nenhuma vaquinha.
- Olha bem que tem vaquinha.

Só para esclarecer, a Galícia deve ser uma das áreas com mais verde da Espanha e é famosa por suas vacas, polvos (pulpo a la gallega), leite e mais algumas coisas ligadas à natureza.

Com aquela menina daquele tamanho olhando pela janela, procurando vaquinhas e curtindo o avião pousar eu não podia deixar meu medinho me impedir de ver a paisagem, então olhei. O lugar é mesmo bonito. Verde para todos os lados, como todos dizem.

Parte I: A Comida

Quando dizíamos para as pessoas que íamos a Galícia todos comentavam:
Nossa, vocês vão comer muito. Lá se come muito bem.
Não era mentira. Devo ter engordado alguns quilos nesta semana. Sabem aquelas avós do interior que acham que gente magra não é lá muito saudável e que é preciso fazer um prato de pedreiro para se alimentar? Pois é. Aqui na Galícia é igual. O bom é que aqui na casa que ficamos eles entenderam que comemos pouco e que isso é suficiente pra gente, mas o que comemos nesta semana foi, sem dúvida, muuuuuita comida.

Para começar, quando saímos do aeroporto às 16h paramos num restaurante. Só nós dois íamos comer, porque o pessoal já tinha comido antes de sair de casa, assim que escolhemos um prato rápido de se fazer.

- Quero churrasco (uma das opções do cardápio).
- Churrasco vai demorar um pouco.
- O que vem mais rápido?
- Polvo e pernil.
- Então dois pratos de polvo a la galega (já que estávamos aqui nada melhor que experimentar um prato típico).

Veio um prato com muito polvo regado a azeite de oliva. Por incrível que pareça (eu não gosto de frutos do mar) estava bom, mas é claro que só consegui comer metade do prato. A comida era pesada, não dava, deixei.

- Menina, mas você não comeu nada - diziam todos.
- Comi sim, já estou satisfeita.
- Você não gostou do polvo? - disse o garçom.
- Gostei, mas é que vem muito.

Claro que ele fez aquela cara de quem não aceitou a desculpa. Ele e todos, mas era verdade. Eu gostei, só que vinha muito. Bom, assim foi a semana toda. Polvo, churrasco, paella, cozido a galega, muita comida. Regime de engorda total. Comprovamos que é verdade que na Galícia se come muito!!

Parte II: A Família

A família do Marcio aqui na Galícia, por parte do pai dele, é grande. Visitamos cinco tios e mais um monte de primos, todos em dois dias. No primeiro dia fomos ver os tios e no segundo, os primos. Como era pouco tempo para muita gente fomos fazendo visita médica, como eles dizem aqui. Quinze minutos em cada casa. É claro que em todas as casas nos falavam para sentar e nos ofereciam alguma coisa para comer. Nada de só um cafezinho. A maioria punha na mesa jamón, queijo, vinho e pão. Uma delícia, mas imagina beliscar jamón em cinco casas numa noite. Bom, comemos muito bem! Além disso todos foram muito legais com a gente, super hospitaleiros.

Parte III: A Paisagem

A Galícia merece a fama de área verde que tem. Tem muita árvore aqui e é tudo muito lindo. Vales cortados por rios e um litoral sensacional. Além de Ourense, a cidade em que eles vivem, que tem uma ponte muito antiga, da época do Império Romano, conhecemos também Lugo, uma cidade construída dentro de uma muralha também na época que o Império Romano dominava o que hoje é a Espanha, Santiago de Compostela, que tem uma catedral enorme, Vigo, cidade litorânea, Baiona, também no litoral e onde está ancorada uma das caravelas que foi para a América com Cristóvão Colombo e voltou para cá, e Valença, já em Portugal. Em Valença chegamos já de noite, então não vimos muita coisa. O engraçado é simplesmente atravessar uma ponte e, de repente, ver tudo escrito em português. Também vimos muitos peregrinos fazendo o Caminho de Santiago. A rota – ou uma delas, dizem que há mais de uma – passava a poucos metros da casa em que estávamos hospedados e assim vimos várias pessoas indo a pé a Santiago, tanto ali como na estrada.