terça-feira, julho 31, 2007

Homens num lado, mulheres em outro

Barcelona nem sempre foi tão liberal como é hoje. No século XIX, era proibido homens e mulheres entrarem juntos no mar e por isso algumas praias da cidade estavam reservadas para elas e outras para eles. Além da separação por sexo, a norma de conduta da época dizia que as roupas de banho deveriam mostrar o menos possível do corpo. Apesar disso, naquele tempo já existiam os mais liberais, que tomavam banho de mar pelados, tradição que se mantém até hoje na praia de Mar Bella, na área central da cidade.

Além de permitir que as pessoas nadem bem à vontade, a prefeitura de Barcelona oferece também um auxílio aos deficientes físicos que querem entrar no mar. Algumas praias na região central da cidade, como Nova Icária e Nova Mar Bella, têm uma passarela até o mar, que permite ao deficiente ir com a sua cadeira de rodas até a beira do mar. Para entrar de fato na água, basta solicitar uma cadeira anfíbia (foto), com a qual é possível entrar na água com a ajuda de alguns amigos. A praia tem também um vestiário adaptado aos deficientes e duchas com cadeiras.

* Com informações do Ajuntament de Barcelona.

quinta-feira, julho 26, 2007

Comidinhas brasileiras

Minha temporada em Londres serviu, entre outras coisas, para enriquecer meu repertório culinário. Lá e aqui em Barcelona é muito comum encontrar nos supermercados uns vidros com feijão já cozido boiando em água salgada, o que não parece muito apetitoso à primeira vista. Mas nada como ter um amigo que gosta de cozinhar e pensa até em ser chef. O Affi nos ensinou a comer esse feijão e agora ninguém segura a gente, já fizemos várias vezes e sempre ficou muito bom. Receitinha (by Affonso): primeiro faça um refogado com azeite, cebola e alho. Depois jogue o feijão na panela com o refogado com a água que vem no vidro e acrescente mais água. Deixe ferver um tempinho. Para engrossar o caldo (aí está a grande jogada) amasse alguns grãos de feijão num prato e os devolva à panela. É quase instantâneo, o caldo engrossa mesmo e fica muito saboroso. Só essa semana já foram dois dias de arroz e feijão. Hummmm. Acho que amanhã vai rolar de novo.

Além do feijão, fiz pão de queijo outro dia. Bom, não fiz de verdade, comprei um pó pronto para fazer da Yoki e ficou bom. Comprei em Londres, porque lá não é preciso andar muito para achar produtos brasileiros. No centro da cidade tem um monte de lojas com comidinhas tupiniquins a preços bem normais. Foi ali que comprei o pó do pão de queijo, que só foi feito em Barcelona e ficou bem gostoso, e dois potes de Toddy. Que delícia!

terça-feira, julho 24, 2007

Polêmica real

As famílias reais têm alguma coisa de intocável, que não consigo entender bem. Parece que elas estão num nível superior a todos os demais mortais. Respeito os países que ainda mantêm a monarquia de alguma maneira, como a Espanha, mas o que vai além do meu alcance é entender por que os reis, rainhas, príncipes e princesas não podem ser alvo de críticas. Isso soa como algo ditatorial e não deveria ser assim, mas ainda é. Na semana passada, a revista semanal El Jueves publicou na capa uma caricatura dos príncipes de Astúrias numa cena de sexo um tanto quanto explícita. Além do desenho, a frase atribuída ao príncipe também era forte e fazia referência à recém anunciada medida do governo espanhol de ajuda econômica à maternidade, que vai dar 2.500 euros às pessoas que tiverem filho na Espanha. O texto dizia o seguinte: Você se dá conta? Se você ficar grávida... (falando com a princesa Letizia) ...isso vai ser o mais parecido a trabalhar que já fiz na minha vida. O desenho e o texto podem até ser fortes, mas daí a sequestrar a revista das bancas deveria existir um grande abismo, o que não houve. Um juiz determinou que todos os exemplares de El Jueves fossem recolhidos das bancas e a revista responde agora a um processo por insultar a Coroa. Abaixo estão as duas últimas capas da revista. A primeira é a polêmica e a segunda é a que foi publicada na semana seguinte ao bafafá.



segunda-feira, julho 23, 2007

Ditador, Chávez?

Parece até piada. Estava lendo uma reportagem da Agência EFE hoje, publicada pelo UOL, dizendo que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer que os estrangeiros que falem mal do seu país sejam expulsos de lá. A idéia, por si só, é completamente ditatorial, mas a frase a seguir não podia ser mais contraditória. Dêem uma olhada: "Até quando nós vamos permitir que um fulano de tal, de outro país do mundo, venha aqui mesmo, em nossa casa, para dizer que aqui há uma ditadura, e que o presidente é um tirano. Não, isso está proibido aos estrangeiros", disse hoje o governante. Proibir que critiquem seu governo já não é um ato ditador? Alguém pode explicar isso a ele, por favor?

Para quem quiser ler o texto na íntegra, clique aqui.

sábado, julho 21, 2007

Ritmos urbanos

O ritmo de Barcelona é tão particular que é até difícil de descrever. A qualquer hora é possível ver pelas ruas da cidade gente sem fazer nada e outras tantas trabalhando, mas o especial é que até o pessoal que está na labuta não tem a pressa típica de São Paulo. Fui ao banco esta semana e tive que esperar uns 15 minutos para ser atendida, isso porque só havia três pessoas na minha frente. Se isso acontecesse logo que cheguei aqui já estaria reclamando, mas hoje entendo que este é o ritmo deles e a demora em alguns serviços não me incomoda mais... bom, pelo menos incomoda bem menos. Outro exemplo: outro dia estava sentada num banco perto da Sagrada Família, lendo e admirando a cidade, quando um furgão parou para descarregar alguns sacos de farinha numa pizzaria. A rua era bem tranqüila, mas enquanto o moço fortinho descarregava os quilos e mais quilos de farinha, chegou um carro atrás dele, um carro de uma empresa, que não conseguia passar, porque o furgão estava bloqueando a rua. O motorista do furgão fez um sinal para o cara que estava no carro parado dizendo para ele esperar um pouco e o cara esperou, com a maior calma do mundo, sem buzinar, gritar ou fazer cara feia.

Além das pessoas que trabalham em Barcelona terem esse ritmo mais lento, a cidade conta ainda com uma grande legião de velhinhos que sabe aproveitar muito bem o tempo livre da aposentadoria. Eles descansam nos bancos, lotam os ônibus para dar uma volta, tomam café e cerveja nos bares ou lêem jornal nas praças. Os turistas também contribuem para o clima da cidade, porque como estão a passeio não tem pressa para quase nada.

O que é difícil entender, pelo menos para mim, é como esse ritmo devagar (para os padrões paulistanos) permite que a Cataluña seja uma das regiões mais ricas da Espanha, que, por sua vez, é um país rico e que cresce a taxas superiores à média européia. Não sei qual é o ritmo mais correto, o paulistano ou o de Barcelona, o que sei é que estou perfeitamente adaptada a essa calma que existe aqui e completamente apaixonada por essa cidade.

segunda-feira, julho 16, 2007

Bici também é meio de transporte

Os meios de transporte funcionam muito bem nas grandes cidades européias, de uma forma geral. Carro não faz falta nenhuma aqui. Barcelona, no entanto, tem um diferencial em relação às outras cidades que eu conheço, pois oferece bicicletas como meio de transporte público. A prefeitura lançou neste ano o Bicing, que funciona assim: as pessoas têm que fazer um cadastro na internet e depois de 10 dias recebem em casa um cartão magnético do serviço. Existem várias estações espalhadas pela cidade com várias bicicletas estacionadas. O usuário chega, passa o cartão no leitor e pega uma bicicleta, depois é só devolver a bici em outra estação. Para evitar o roubo das bicicletas, é preciso informar, na hora do cadastro, um número de cartão de crédito, assim se a pessoa não devolver a bicicleta a prefeitura vai debitar 150 euros do cartão. A coisa funciona. Hoje eu usei... andei de bici pela cidade, uma maravilha já que tudo é plano aqui e está fazendo um baita calor.

sábado, julho 07, 2007

A verdadeira tradução da palavra summer

Uma amiga que mora aqui em Londres, a Dani, me contou uma ótima ontem e não posso deixar de colocar aqui. Segundo ela, quem traduziu a palavra summer para o português como verão cometeu um grave erro. No inglês americano pode até ser que summer signifique verão, mas no inglês britânico seguramente não é a mesma coisa. De acordo com a Dani, summer apenas quer dizer espaço de tempo entre um inverno e outro e concordo plenamente com ela. Não é possível que uma coisa chamada verão tenha como mínima 9 graus, máxima 20 graus, escassos dias de sol e muita chuva, mas não tempestade de verão, que cai e vai embora, a chuva daqui é aquela que cai o dia inteiro. Pois é, isto é o summer londrino. Só para constar, agora está 14 graus! Em pleno verão! Será que ainda pego calor nessa terra? Cadê a Espanha?

terça-feira, julho 03, 2007

Papo cosmético

Não é de hoje que as mulheres usam maquiagem, mas para mim a introdução ao maravilhoso universo dos produtos femininos é coisa recente. Enquanto morava em São Paulo, minha cara estava sempre "lavada", como dizem por aí. O máximo que eu usava era batom e lápis de olho. Mas depois que vim para a Europa a coisa mudou. Meu kit já inclui base, pó, rímel, batom, lápis de olho, sombra... e o pior é que eu uso tudo isso com freqüência. O que está acontecendo? Tentando buscar uma explicação para a minha repentina mudança de comportamento, cheguei a três alternativas:

a) Após muitos e muitos meses de inverno minha cara está tão branca que suplica por uma cor artificial
b) As mulheres aqui, de uma forma geral, usam muita maquiagem e eu sou uma maria-vai-com-as-outras
c) Os 30 estão chegando e meu rostinho já pede alguns retoques