quarta-feira, outubro 25, 2006

Primeiro dia sozinha em Madrid

Nem só de histórias engraçadas vive esse blog. Meu primeiro dia sozinha em Madrid foi um dos mais tristes da minha vida, sem dúvida. Chorei um bocado. Chovia muito, fazia frio e eu estava sozinha, sem muito o que fazer, numa cidade em que não conheço ninguém. É muito triste não ter com quem conversar ou compartilhar um café no meio da tarde. Para completar, nem acesso a internet eu tinha, para ficar um pouco mais conectada com o mundo. Ontem e hoje já estou melhor... espero que nos próximos dias tudo mude! Inclusive o tempo. Já são três dias chovendo sem parar. Ninguém merece!

Nosso primeiro clássico

Fomos convidados pelo dono do apartamento onde mora o Marcio, o Albert, para ir a um bar assistir ao jogo entre Barça e Real Madrid. Um clássico que praticamente parou Barcelona por duas horas. O bar estava tão cheio que parecia final de campeonato (foi apenas o primeiro ou segundo, não sei bem, confronto dos dois na liga espanhola) ou jogo de Copa do Mundo. Foi divertido, mas o Barça pedeu de 2 x 0.

Antes do jogo, no entanto, estava passando a corrida de Fórmula 1 em Interlagos. Admito que há muito tempo não via Fórmula 1, mas foi emocionante ver o Felipe Massa ganhando a corrida no Brasil e o nosso hino tocando com ele lá em cima, no pódio. No bar, tudo era festa. Os espanhóis comemoravam a conquista do bicampeonato do Alonso e nós estávamos felizes por ver um brasileiro ser campeão em Interlagos.

Muito piegas? Será que já estou como aqueles brasileiros que se emocionam com qualquer coisa do Brasil que vêem pela TV?

Ramón ou Jamón?

Em espanhol, a letra r nunca tem o som que tem em português em palavras como rei, rato e carro. Sempre se lê o r espanhol como em caro ou arar. Quando há dois erres, é só prolongar um pouco o som. Já o j em espanhol tem o som do nosso r em palavras como carro ou rei. Um pouco confuso, mas é assim. Bom, dito isto, já se vê que Ramón (nome de homem na Espanha) e Jamón (presunto, em espanhol) tem pronúncias bem diferentes. A primeiro se lê com o r de caro e a segunda com o r de rei. Pois bem. Vale a pena saber então que o Marcio já anda pedindo por aqui sanduíche de Ramón e não de Jamón. Fato que virou piada até de garçom.

Estávamos vendo o jogo Barcelona x Real Madrid do último domingo, dia 22, num bar em Barcelona. Estávamos com fome e o Marcio pede ao garçom: por favor, um sanduíche de Ramón. O garçom olha para ele por alguns segundos, ri e diz: Ramón ou Jamón? Problemas de pronúncia resolvidos, saboreamos nosso delicioso bocadillo de jamón serrano. Se o Ramón que estava lá na cozinha seria tão bom, não posso dizer...

Internet escassa

Antes de mais nada, desculpem a ausência. Mas o acesso à internet está difícil por esses dias.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Cagada em Madrid



Não é um jeito de falar. Levamos, literalmente, uma cagada de pássaro nas costas e na cabeça bem no centro de Madrid. No domingo, 15 de outubro, não tínhamos nenhum apartamento para ver, então fomos passear: Passeo del Prado, Jardim Botânico, Museu do Prado (por fora – outro dia vamos entrar) e parque del Retiro. Pois bem. O Parque do Retiro é um parque gigante bem no centro de Madrid. Muita área verde, pássaros cantando, pessoas passeando com seus cachorros... tudo muito lindo. Depois de uns minutos sentados num banco no meio do parque, decidimos conhecê-lo melhor. Foi aí que tudo aconteceu. Tirávamos umas fotos entre as árvores (a foto acima comprova isso) e logo que guardamos a máquina senti uma coisa caindo na minha cabeça. Desesperada, achando que fosse um bicho, gritei para o Marcio ver o que era. Bela surpresa. Não era nenhum inseto gigante assassino, mas uma bela cagada de pássaro. Caiu na minha cabeça, na do Marcio, nas nossas costas e até na mochila. Ninguém merece! Escapo de levar uma cagada de pomba no estacionamento da Editora (quem trabalha lá sabe dos riscos que corremos ao andar nas poucas áreas cobertas do estacionamento) para levar uma em Madrid. Bom, pelo menos foi de uma ave européia!!!

Brasileiros finos

Chegamos em Madrid no sábado, 14 de outubro, logo cedo, às 8h30 da manhã, depois de enfrentar sete horas de viagem num ônibus. Sei que a viagem é longa, mas é o meio de transporte mais barato quando não se encontra nenhuma promoção de vôo. No mesmo dia fomos ver três apartamentos. Nenhum deles deu certo, mas um diálogo que tivemos no meio da rua com um casal de velhinhos espanhóis (muito simpáticos, aliás) foi engraçado. Segue:

Eu: Hola. Por favor. Sabem onde fica a rua xxxx?
Velhinho: Olha, ela está por aqui, mas não lembro bem onde. Espera.
E aí começou a explicar detalhadamente como chegávamos na tal rua.
Depois de alguns minutos de explicações detalhistas (que na verdade não foram muito úteis, porque só achamos a rua depois de ligar para o cara que morava nela, esse sim um maleta e tanto), a velhinha faz a seguinte pergunta:
Velhinha: De onde vocês são?
Nós: Do Brasil.
Velhinha: Sério? Não imaginava. Mas então são brasileiros muito finos!
??? (provavelmente fizemos essa cara para ela)
Velhinha: Não, é que ouvi falar que os brasileiros são mais.... (fez mímicas que não entendi muito bem) E o Marcio respondeu:
Marcio: Brutos?
Velhinha: É. Não querendo generalizar, mas é o que ouvi falar. Vocês são muito finos.
Hahahaha.
Eu e o Marcio? Finos? Bom, pai e mãe, agradeço a educação dada. hehe

sexta-feira, outubro 13, 2006

Um registro rápido

São paulino, vestido a caráter, marca presença no metrô de Barcelona.
Salve o tricolor paulista...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Temos cara de espanhóis?

Será que temos cara de nativos? Há alguns dias, numa bela tarde de sol, estávamos andando pela orla de Barcelona quando um senhor, que falava espanhol (ainda não sei identificar os sotaques, sorry, então não sei de onde ele era), nos pediu uma informação. Queria saber onde ficava a Estación de Francia, uma estação de trem que fica bem em frente ao hostal onde estávamos hospedados. Já que sabíamos onde era, explicamos. Bom, num outro dia, um cara, que não era daqui porque mal falava a palavra metrô, nos perguntou onde ficava a estação de metrô mais próxima. Mais uma vez, explicamos. A última vez que nos fizeram sentir nativos foi no shopping. Uma mulher nos perguntou onde ficava a loja x (até agora não entendi o nome que ela pronunciou). Só que dessa vez não conseguimos explicar – como não conheço o shopping, nem me dei ao trabalho de pedir que ela falasse mais uma vez o nome da loja. Aí que fica a dúvida: será que sem abrir a boca (é claro) passamos por espanhóis?

A hora da siesta

Escrevo assim, siesta, porque é como se escreve em espanhol. Ela realmente existe aqui. Barcelona deve ser a segunda maior cidade da Espanha, só atrás de Madrid, e praticamente tudo fecha na hora do almoço. O difícil é se adaptar. Hoje mesmo, fomos buscar as roupas que deixamos numa lavanderia. Fomos às 16 horas, mas ela estava fechada. Abre das 9h às 14h e das 17h às 20h. Ou seja, fica fechada por TRÊS horas no meio do dia!! Dá para imaginar? Ah, e o horário do almoço deles é meio diferente do nosso mesmo. Eles almoçam entre 14 e 15 horas. Tava bom pra Janice, hein? (piada Editora Globo. hehe)

Bom, cada um com seus hábitos. Nós, que não somos daqui, que temos que nos adaptar.

Outra coisa que não tem por aqui, pelo menos ainda não vimos, são lojas que ficam abertas 24 horas. Se deixar para comprar alguma coisa depois das 22 horas, esquece!

Um quarto, finalmente

Mal comecei o blog e já fiquei vários dias sem escrever nada. Foi mal! É que andava meio tensa, com a busca incansável (minha e do Marcio) por um quarto para ele. Mas, por fim, achamos. E por um bom preço. Um alívio. O apartamento é de um cara, o Albert, que deve ter seus 45 anos. Ele aluga dois quartos (são três no total), um está com o Marcio, claro, o outro, com um cara daqui mesmo. O apê é novo e está bem pertinho do metrô, o que é ótimo, já que o metrô nos leva a qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo. É impressionante. Acho que são sete (ou será nove) linhas de metrô, mais os ônibus, o trem e uma espécie de bonde moderno, que eles chamam de tranvía. Muitas opções de transporte!! Isso tudo numa cidade relativamente pequena, bem menor que São Paulo.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Em busca de um apê

O hostal que estamos (www.hostalnuevocolon.com) é muito bem localizado. Está a poucos minutos da praia e dos principais pontos turísticos. Sem contar que está em frente à faculdade do Marcio. Melhor, impossível. Mas o quarto, por Diós, como é pequeno. Para ir da cama até a porta é preciso arrastar as pequenas malas de um lado a outro. Se não, ninguém passa. Por isso queremos muito encontrar um quarto para alugar... tomara que não demore!

terça-feira, outubro 03, 2006

Longos caminhos

Bom, aqui estou. Em Barcelona. Muito cansativo chegar, mas aqui estamos. Depois da parada em Milão, por cerca de três horas, chegamos em Barcelona. Marcio e eu havíamos visto que bastava pegar o trem no aeroporto e desembarcar na Estación de Francia, em frente ao hostal. Só que esquecemos de verificar o horário de funcionamento do trem. E, acreditem, ele não funciona aos domingos. Bueno, decidimos então pegar o Aerobus, um ônibus que sai do aeroporto e vai até a Praça Catalunya, onde há uma estação de metrô. Entramos no metrô, que também tem uma estação bem próxima ao hostal. Até aqui, tudo bem. O problema é que o metrô de Barcelona não é feito para deficientes físicos... e nem para pessoas que decidem carregar duas malas muuuuuuuuuito pesadas na mão e outras duas nas costas. Não há elevadores em todas as estações e nem escada rolante. O que há são muuuuuuuuuuuitas escadas. Muitas mesmo. Bom, nem é preciso dizer que chegamos ao hostal moídos. A dor no corpo só passou uns dois dias depois. Mas beleza. Como bem lembrou o Marcio, não é a primeira vez que nossa chegada em uma nova cidade é tortuosa e nem por isso a estada deixou de ser ótima. Temos uma péssima mania de pegar os caminhos mais longos... mas essa se superou.

Prefeitura de Barcelona: o que fazem os deficientes que precisam andar de metrô?

Quem gosta de despedidas?

Acho que ninguém gosta de despedidas. Eu não sou exceção. Ver toda a família no aeroporto, chorando por alguma coisa que você está fazendo é triste. Fico pensando se estou sendo egoísta ao decidir viajar e deixar as pessoas que mais gosto no mundo chorando. Apesar de a dúvida ser recorrente, acho que não. Além de ser apenas um ano, meu pai mesmo disse poucos dias antes da viagem: “a gente cria os filhos para que sejam independentes, aí precisa agüentar”. Acho que é isso. Meus pais me criaram para saber enfrentar qualquer dificuldade que apareça e sempre me ensinaram a não desistir do que quero. Deve ser por isso que decidi viajar. Queria muito saber como é viver um ano fora do país, e agora saberei como é estar longe de todos (menos do Marcio, claro, que veio comigo). Aliás, sem ele, não sei se teria a coragem de vir. A vontade de estudar aqui nasceu em conjunto e a viagem é uma viagem a dois. Se fosse de um, vai saber como seria. Mas isso é um “se” que ficará sem explicação.....

Eu me rendo

Como já disse Viviane Maia, eu me rendo. Relutei muito em ter um blog, mas acho que chegou a hora. Inspirada numa outra amiga (o benchmark funciona. hehe), Lorena Vicini, que decidiu montar um blog durante seu ano na Alemanha, para relatar o que acontecia por lá, decidi fazer o mesmo. Pretendo publicar aqui algumas coisas que acontecerão comigo (e com o Marcio, claro) durante nossa visita à Espanha. Espero que gostem